27/04/2005

Promessas...

Promessas... quem as não faz? Faço eu, fazes tu, faz ele, fazemos nós, fazeis vós, fazem eles. Todos nós as fazemos, mas será que as cumprimos?
Aí é que o problema começa.
Há quem diga que há promessas e promessas... umas mais sérias que outras, umas sentidas e outras da boca para fora. O que é pena é que as promessas, da boca para fora, por vezes, não são assim entendidas!
São da boca para fora de quem fala, mas vão direitos ao coração de quem ouve. E quem ouve espera, e espera, e continua à espera... até que a desilusão se abate sobre nós, como uma trovoada num lindo dia de primavera. Um acontecimento desastroso que nos destrói a felicidade de pensar que as coisas possam ser diferentes.
Há alturas em que pensamos que há promessas que não podem ser mesmo cumpridas, apesar de as querermos cumprir... mas... e nestes casos há sempre um mas.. mas a esperança, a expectativa, o bater mais forte do coração, o olhar à procura... está lá tudo! Está lá!
E a desilusão fica.
E a desilusão instala-se.
Até que se olha para o lado e pensa-se que amanhã vai ser diferente.
E será.
Tenho a certeza que sim.





p.s.: prometeram-me que sim...

14/04/2005

o mundo entra por aqui...


Este é mesmo o meu olho!

Dizem que os olhos são o espelho da alma... no meu caso isso chega a casos extremos.
É através dos meus olhos que, quem me conhece, sabe se estou triste ou feliz. Quando estou feliz parece que me rio com os olhos, o sorriso sai dos meus lábios e chega até aos olhos.
É através dos meus olhos que obtenho as informações, que vejo as coisas tais como elas são e tais como que quero que elas sejam, como qualquer comum mortal.
Não sou nem mais, nem menos do que isso mesmo. Uma comum mortal! Sou falível! Alegro-me! Entristeço-me! Preocupo-me! Mas... sorrio! O meu sorriso consegue esconder o meu dia, consegue esconder o tal olhar que não surgiu, consegue esconder a tal palavra que ficou por dizer, consegue esconder a saudade... e como ela dói.
Mas quem me olha nos olhos, nos dias e nas alturas que eu não os escondo atrás dos óculos, esses sim conseguem ver como eu estou!

13/04/2005

como o orvalho te houvesse beijado...

Não sei de que é que estou à espera. Que chegues a casa, eu oiça a porta abrir e a fechar-se, veja a tua cabeça à entrada da sala
- Olá
os teus passos corredor fora na direcção da cozinha ou do quarto, um estore que desce, uma torneira aberta, um armário, tu de novo a aproximares-te de mim, a sentares-te na sala com um suspiro
- Então?
a esqueceres-me, a ligares o televisor, a apanhares uma revista de moda do cestinho ao lado da poltrona, o teu perfil, agora de óculos, a folhear horóscopos, vestidos, maquilhagens, a voltar-se marcando a página com o dedo
- Tens fome?
a boca séria, os olhos sérios, o colar mexicano
mexicano?
da mesma cor da blusa, tirares o brinco para responderes ao telemóvel num
- Olá
diferente do
- Olá
que me deste, mais vagaroso, mais terno, embrulhado na fita de um sorriso, conheci esse modo de falar há tantos anos, esse corpo inclinado para trás, os dedos a arranjarem o cabelo como se a voz que não oiço te conseguisse ver
- amanhã, depois de amanhã, quarta-feira aposto que um homem que não sei quem é ou prefiro não saber quem é, as pernas a cruzarem-se em sentido contrário
- Eu depois ligo-te, sim?
o telemóvel guardado na carteira, o sorriso dissolvido na boca séria, nos olhos sérios, no colar mexicano
- Não me disseste se tinhas fome
há quanto temo deixaste de gostar de mim, há quanto tempo isto, deitas-te primeiro que eu, acordas por um segundo quando chego à cama
- Importas-te de apagar a luz?
sumida na almofada de costas para mim, dispo-me na claridade dos números do despertador, o colchão vibra acordando-te de novo
- Meu Deus
encontro de manhã os meus cereais numa bandeja e o apartamento vazio, um resto de gotas na cortina do chuveiro, a tua escova de dentes húmida ao lado da minha escova de dentes seca, a tua ausência tão presente na revista de moda esquecida no sofá, a tigela dos teus cereais no lava-loiças com a colher lá dentro, cheia até meio de água esbranquiçada, uma franja de tapete que um dos teus saltos descoseu, o colar mexicano
mexicano?
no tampo da cómoda, que roupa terás hoje, que penteado, que sapatos, com quem vais almoçar, se peço à minha secretária para falar com a tua
a senhora doutora saiu ou se não saiu
- Diz depressa que tenho imenso trabalho de forma que não sei de que é que estou à espera. Já com as chaves do automóvel na mão fico diante da casa-de-banho a observar as gotas na cortina do chuveiro e a imaginar-te saindo do duche com a toalha maior à cintura e a mais pequena na cabeça, escorrendo lágrimazinhas de fumo como se o orvalho te houvesse beijado. Imagino os teus pés nos azulejos, as tuas costas, os teus ombros, instalo-me ao volante contigo nua ao lado e a pouco e pouco, à medida que a garagem da empresa se aproxima, uma paz, um contentamento, uma exaltação de namorado. Tenho a tua fotografia aqui na estante dos livros, junto à medalha do torneio de ténis e à carta emoldurada do ministro, uma fotografia de há cinco anos se tanto, de óculos escuros, na praia, a acenares para mim. Costumávamos cear na varanda a afastar os mosquitos, dúzias de lanternas de barcos incendiam-se no mar. Talvez fôssemos felizes nesse tempo. Fomos de certeza felizes porque as paredes do coração eram tão finas que se podia escutar do outro lado.
António Lobo Antunes

P.S.- Foi este texto que me fez com que eu tivesse vontade de escrever... é este texto a minha inspiração. É assim que eu aspiro, um dia, escrever.

11/04/2005

Eternal Sunshine...

... of the spotless mind
Este é o nome do último filme que me deixou a pensar... Fiquei a pensar na importância das recordações e também no destino...
Haveria tanto para dizer, mas o que me fascinou neste filme foi mais que um estado de zangados em que poderemos estar, a rotina, que se aproxima a velocidades estonteantes, de cada relação, mas sim o Amor... O Amor que não se esquece, o Amor que está sempre presente, como que esbatido, se fosse uma cor - qualquer cor pastel - mas quando as recordações voltam aos nossos olhos o trazem logo ao nosso coração, à nossa mente, à nossa boca!
Uma zanga, uma ausência, um olhar ou um não olhar... enfim, algo que nos custe a aceitar faz esconder essa Amor, mas ele está lá! Como arma letal, para nos lembrar que existe, para nos lembrar que é ele que nos faz respirar!
E o destino.... já alguém me dizia "que será, será" e é assim mesmo! Naquela luta constante de querer esquecer, e depois já nem sequer pensar nisso, já querer esconder as recordações noutra parte da memória, descobre-se que afinal o Destino existe! E o Amor... ah, o Amor... esse prevalece. Até quando? Até um dia!


08/04/2005


E aqui foi onde passei a dita Semana Santa!

Há dias...

Há dias em que o me vai na alma é mais do que a minha cara deixa transparecer...
Há dias em que penso no bem que a minha vida me trouxe e no mal que ela me faz...
Há dias em que penso na importância dos outros na minha vida... e hoje, num desses dias, não posso deixar de pensar em que me faz mal, em quem pensa pouco de mim, em quem me magoa, em quem me pisa...
Há dias, como hoje, em que penso naquele amigo distante com quem era tão bom conversar... naquela amiga que está perto com quem se partilhou tantos momentos e tão bons!
Há dias em que penso nos amigos que estão perto, naqueles que nunca nos abandonam!
Há dias, como hoje, em que sei que estou longe, mas que, para os meus amigos, eu estou perto, mais perto do que eles pensam!
Há dias em que eu penso em vocês, MEUS AMIGOS!