Num qualquer dia em que as borboletas nos passem pelos olhos.
Num qualquer dia em que o ar que se respire seja com este cheiro a Primavera.
Um esconderijo. A mesma alma. A mesma escrita. Outro local onde a ficção e a realidade se hão-de sempre misturar!
Vou andando por aí
Sobrevivendo à bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim à engrenagem
E ando muito deprimido
E é difícil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja
Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou à chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois à espera do fim
Tu tens fortuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números à frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores.
Ontem tive uma conversa que me deixou muito triste e preocupada.
Encontrei uma amiga que não via há algum tempo e estivemos na conversa um pouco, como habitual. Esta amiga está a passar por uma fase difícil da vida, mesmo muito difícil... O namoro tremido, o filho com problemas... enfim, a vida....
A vida por vezes traz-nos problemas que não podemos, de modo nenhum, antever.
Problemas que nos abatem de tal maneira que caímos muito fundo, que descemos até ao limite, chegamos ao ponto em que não aguentamos mais. E depois? Depois arranjamos forças, não sei onde, mas por vezes um sorriso basta para nos dar toda a força que queremos.
Para mim a força vem de um sorriso desta criança! O Gui é o filho da minha amiga. Quando se olha para o seu sorriso, percebe-se a vontade viver e um sorriso dele faz maravilhas!