Abraço

Hoje só queria chegar a casa e ver-te no sofá.

Queria-te ali, para que assim que me libertasse do casaco e da pasta me pudesse enroscar contigo no sofá.
Queria um abraço assim que conseguisse chegar perto de um ti. Um abraço, um sorriso e um espaço no sofá para mim.
Queria a lareira acesa para aquecer o corpo que tem frio e o abraço para me aquecer a alma que precisa de ti, que pede por ti há muito e muito tempo.
O dia foi longo, mas eu só te queria ali, no sofá. Com a lareira acesa, os teus óculos na mesa e o livro no colo assim que me viste.
Só queria o teu abraço assim que chegasse perto de ti. Queria-me enroscar contigo no sofá e contar-te como o meu dia foi normal.
Hoje só queria chegar a casa e ver-te no sofá.
Hoje só queria que o teu abraço me aquecesse a alma, enquanto o calor da lareira me aquecia o corpo que reclamava do frio.
Queria contar-te como foi o meu dia. O frio que apanhei. Quem vi. Quem não vi. O que fiz. Depois contas-me como foi o teu dia. O normal que foi. O frio que apanhaste e o gelo na alma até este momento em que cheguei e o meu sorriso te incendiou a cara de alegria e o meu abraço te aqueceu a alma. Só aí descansaste e te aqueceste neste frio dia de Outono.
Dizes-me que só começaste a ser feliz quando eu entrei pela porta e te vi. Dizes-me que só assim, ali, naquele lugar a vida faz sentido. Dizes-me que queres-me para sempre.
Digo-te que sim, só ali fazemos sentido. Só ali nos sentimos quentes por dentro, nos sentimos realmente felizes.
Hoje só queria ver-te no sofá.
Hoje só queria o teu abraço.