camisa, calças, mala, óculos...

Hoje fui passear na minha cidade. Não é muito normal ir passear, mas tem acontecido cada vez mais. Já me tinha esquecido de como é bonita a minha cidade; de como tem tanta gente de um lado para outro!
Vejo sempre caras conhecidas, caras novas, caras perdidas de mapa nas mãos, caras bonitas, caras bronzeadas, caras, corpos... pessoas, conhecidas, desconhecidas, com ar de importante, com ar de doente, tristes, alegres, contentes!
Hoje vi alguém. Alguém que me parecia certo! Alguém que me parecia conhecer. Alguém que nunca tinha visto, ou então que só tinha visto uma vez. Olhei para a sua camisa e reconheci-a, não sei de onde. Olhei para as suas calças e reconheci-as, não sei de onde. Olhei para a sua mala e reconheci-a, não sei de onde. Olhei para os seus óculos e pareceu-me reconhecer a sua cara, não sei de onde.
Não sei de onde o reconheci, duvido que alguma vez o tenha visto...
Era a pessoa certa! Sei-o. Mas não me voltei para o olhar mais uma vez. Ía vê-lo de costas, de caminho para a sua vida. Sei que não faço parte.
Não sei quem era, o seu nome nem tão pouco conheço o som da sua voz.
Era a pessoa certa. Sei que já o vi, sei que reconheci, não sei de onde.
Gostava de lhe ouvir a voz. Gostava de lhe sentir o abraço. Gostava de lhe tocar na cara. Gostava de rir com ele.
Era a pessoa certa. Mas quem era ele? Era alguém que me faria feliz. Era alguém que me poria um sorriso. Era só mais uma pessoa na minha cidade.