Eram três e já se conheciam há muito tempo, mas eram só amigos. E era sábado, sessão de cinema na casa dela. Cinema, pipoca, algumas gargalhadas. O filme acabou e continuaram conversando e bebendo cerveja. Ligaram o som, contaram piadas, fofocas, as trivialidades de sempre. Riram muito.
Horas depois, estavam cansados e levemente bêbados. Ela sentou-se entre eles no sofá e ficou totalmente à vontade.
Silêncio de elevador.
Cansada, deixou a cabeça pender sobre o ombro do da direita: Carlos.
Silêncio de elevador
Diego e Carlos se entreolharam. Um não sabia o que o outro estavam pensando, mas havia um certo clima no ar, uma espécie de cumplicidade. Era aquela comunicação que os homens têm uns com os outros e que as mulheres invejam.
Ela se aconchegou ainda mais no ombro dele. A boca entreaberta, carnuda, deixava entrever os dentes. E ela respirava num ritmo tão…
Diego e Carlos sorriram. Diego fez um sinal imperceptível, um leve abano de cabeça, que Carlos interpretou como assentimento. Este acariciou o queixo dela e colocou as mãos entre os cabelos. Aquela respiração era tão…
Silêncio de elevador e ela achava estranho aquele carinho leve, delicado, mas insistente, perspicaz. Embora quisesse protestar, deixou-se levar pela mistura perigosa entre o álcool e a excitação. Sentia uma certa dormência, um torpor entre a embriaguês e a completa sobriedade. Perfeito para fazer as piores loucuras e eximir-se depois.
E ela sentiu a mão de Diego na sua coxa esquerda. Mão de homem, forte, descuidada. Mão de proletário que virtuoso caminhava com uma leveza imperceptível pela pele descoberta. E embora quisesse protestar, deixou-se levar pelo silêncio de elevador, deixando que ele percebesse os pêlos eriçados pelo arrepio.
Deixou-se levar também pela mão de Carlos, que conduzia sua boca para a dele. E esta mesma mão, delicada, bem-cuidada, burguesa, andava agora pelas suas coxas com força, como exército em marcha, tomando de assalto os campos.
Quatro mãos e duas coxas, seis lábios, uma boca que agora se dividia entre duas outras, sentindo salivas, sendo a fronteira entre dois mundos diversos. Ela passeava entre uma e outra e o silêncio de elevador é substituído agora pelos barulhos quase inaudíveis de respirações, estalos de beijos, sons de línguas que se encontram.
As mãos passeando nas coxas, caminhando unidas, poderosas, em direcção ao encontro das coxas. E no encontro destas duas frentes de batalha, unidas num armistício, dividiram entre si o campo, agora descoberto, onde deveria se travar a batalha. E eram mãos que se sucediam, solidárias, dividindo os espaços, às vezes penetrando juntas no mesmo regaço, às vezes se complementando. E a dona das coxas, agonizava em outro tipo de torpor, mais imediato, intenso.
Entregue, a dona das coxas colocou suas coxas entre outras coxas e pensando em várias coisas entregou-se ao duplo amor sobre o sofá da sala e agonizou tantas e tantas vezes, que dormiu semi-morta entre o proletário e burguês no chão, em frente à tevê. E nesse triplo sono, três mãos humanas descansavam juntas, tão juntas, que não se sabia qual das três era dona de cada dedo.
Foi uma batalha do tipo que Marx jamais sonharia.
Grande PoetaMatemático!
Horas depois, estavam cansados e levemente bêbados. Ela sentou-se entre eles no sofá e ficou totalmente à vontade.
Silêncio de elevador.
Cansada, deixou a cabeça pender sobre o ombro do da direita: Carlos.
Silêncio de elevador
Diego e Carlos se entreolharam. Um não sabia o que o outro estavam pensando, mas havia um certo clima no ar, uma espécie de cumplicidade. Era aquela comunicação que os homens têm uns com os outros e que as mulheres invejam.
Ela se aconchegou ainda mais no ombro dele. A boca entreaberta, carnuda, deixava entrever os dentes. E ela respirava num ritmo tão…
Diego e Carlos sorriram. Diego fez um sinal imperceptível, um leve abano de cabeça, que Carlos interpretou como assentimento. Este acariciou o queixo dela e colocou as mãos entre os cabelos. Aquela respiração era tão…
Silêncio de elevador e ela achava estranho aquele carinho leve, delicado, mas insistente, perspicaz. Embora quisesse protestar, deixou-se levar pela mistura perigosa entre o álcool e a excitação. Sentia uma certa dormência, um torpor entre a embriaguês e a completa sobriedade. Perfeito para fazer as piores loucuras e eximir-se depois.
E ela sentiu a mão de Diego na sua coxa esquerda. Mão de homem, forte, descuidada. Mão de proletário que virtuoso caminhava com uma leveza imperceptível pela pele descoberta. E embora quisesse protestar, deixou-se levar pelo silêncio de elevador, deixando que ele percebesse os pêlos eriçados pelo arrepio.
Deixou-se levar também pela mão de Carlos, que conduzia sua boca para a dele. E esta mesma mão, delicada, bem-cuidada, burguesa, andava agora pelas suas coxas com força, como exército em marcha, tomando de assalto os campos.
Quatro mãos e duas coxas, seis lábios, uma boca que agora se dividia entre duas outras, sentindo salivas, sendo a fronteira entre dois mundos diversos. Ela passeava entre uma e outra e o silêncio de elevador é substituído agora pelos barulhos quase inaudíveis de respirações, estalos de beijos, sons de línguas que se encontram.
As mãos passeando nas coxas, caminhando unidas, poderosas, em direcção ao encontro das coxas. E no encontro destas duas frentes de batalha, unidas num armistício, dividiram entre si o campo, agora descoberto, onde deveria se travar a batalha. E eram mãos que se sucediam, solidárias, dividindo os espaços, às vezes penetrando juntas no mesmo regaço, às vezes se complementando. E a dona das coxas, agonizava em outro tipo de torpor, mais imediato, intenso.
Entregue, a dona das coxas colocou suas coxas entre outras coxas e pensando em várias coisas entregou-se ao duplo amor sobre o sofá da sala e agonizou tantas e tantas vezes, que dormiu semi-morta entre o proletário e burguês no chão, em frente à tevê. E nesse triplo sono, três mãos humanas descansavam juntas, tão juntas, que não se sabia qual das três era dona de cada dedo.
Foi uma batalha do tipo que Marx jamais sonharia.
Grande PoetaMatemático!
Porra!!! ............
ReplyDeletemuito bom
ReplyDeleteSalvador d'Almeida, não é meu. Quem o escreveu escreve muito bem!
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